A Escravidão nas pinturas brasileiras de Nicolas-Antoine Taunay (1816-1821)

Nome: BÁRBARA DANTAS BATISTA COVRE

Data de publicação: 04/09/2023

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ALMERINDA DA SILVA LOPES Orientador

Resumo: Esta tese apresenta as pinturas que o artista francês Nicolas-Antoine Taunay realizou durante sua estada no Rio de Janeiro, entre 1816 e 1821. O foco se volta aos quadros com pinturas de paisagens e de vistas, nas quais o pintor figurou pessoas negras, consideradas escravas. O objetivo principal é analisar a iconografia da escravidão, utilizando-se para isso a relação imagem-texto, com ênfase na ligação de fontes textuais e visuais. O pintor trouxe para o Brasil sua experiência como pintor da Corte e do Estado, como partícipe da Revolução Francesa e como artista de Napoleão Bonaparte. Famoso em Paris e desacreditado no Brasil, produziu o que o monarca português instalado na Corte do Rio lhe pagou para fazer: paisagens e retratos. Nas paisagens, a iconografia da escravidão é complexa, uma de suas características é a ligação com experiências e modelos anteriores, além de se tornar mensagem visual dos filósofos ingleses e dos philosophes franceses contra a servidão e a escravidão que estavam em voga na sua época, em Paris e no Rio. Como pintor filósofo, Taunay apresenta os debates filosóficos, artísticos e morais de seu tempo. A análise iconográfica identifica os trabalhos que os escravos realizavam, os laços de submissão nas relações sociopolíticas e a importância econômica da escravidão de negros e do tráfico de africanos. Suas telas idílicas e exóticas, destinadas a um público ainda ligado cultural e artisticamente ao Absolutismo, são cenários documentais que apresentam os elementos típicos da natureza e da urbe carioca. Para mostrar os costumes dos habitantes, Taunay apresenta o paraíso americano regido por D. João como uma versão tropical do Antigo Regime, com ênfase nas relações sociais servis, na depreciação da etnia negra e no enriquecimento pelo uso da mão-de-obra escrava. O pintor viu os servos da Europa como escravos no Brasil e, para representá-los, buscou imagens conhecidas, símbolos pregressos, além de seu olhar acerca da vida na Corte do Rio. Na contramão de um Ocidente que combatia o tráfico transatlântico de seres humanos, os quadros de Nicolas-Antoine Taunay ajudam a compreender que o Rio de Janeiro foi a cidade mais escravocrata das Américas durante o Período Joanino.

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