REPRESENTAÇÕES E IDEIAS POLÍTICAS

Área de concentração: História Social das Relações Políticas
Descrição: Esta linha compreende as investigações históricas e historiográficas em torno dos sistemas de representação e sua exteriorização sob a forma de expressões simbólicas as mais diversas, enfatizando os processos sociais produtores de identidade/alteridade em conexão com os padrões de distribuição do poder político e os processos simbólicos que sustentam tanto a manutenção do "status quo" quanto as ações visando à sua superação. A linha tem como um dos seus principais aportes teóricos o conceito de representação tal como propugnado, dentre outros, por Roger Chartier, incluindo assim as reflexões em torno dos mecanismos pelos quais os “constructos” simbólicos, ao ordenarem a realidade de acordo com determinados princípios de organização são capazes de definir simultaneamente a identidade dos mesmos. Desse modo, a fixação das identidades é um processo que depende sempre da maneira pela qual determinado grupo concebe, interpreta ou representa o seu mundo, resultando daí a interdependência entre os conceitos de representação e de identidade. Dado que não existe nenhum sentido original que resida no interior dos seres e das coisas e que possa ser revelado mediante essa ou aquela operação cognitiva, toda ação tendo por objetivo fixar uma taxinomia, estabelecer uma classificação, produzir uma clivagem resulta sempre de uma perspectiva particular de quem se encontra em condições de definir o que é igual em oposição ao que é diferente e que, por isso mesmo, detém o poder de discriminar entre objetos pertencentes a um mesmo campo social. É exatamente essa a operação envolvida na construção das identidades e alteridades. Em geral, tende-se a considerar que a definição do que é igual, comum, semelhante entre os indivíduos seja o passo inicial para que determinada identidade venha a se constituir, sendo a diferença encarada como o substrato inevitável da identidade. Entretanto, outros autores têm insistido em demonstrar que a percepção da diferença se impõe como o ato fundador das identidades, obrigando-nos assim a reconsiderar a importância atribuída à alteridade para o estabelecimento das identidades sociais. São também pertinentes a esta linha as investigações sobre as ideias ou concepções políticas, formuladas por porta-vozes do seu próprio tempo, por formadores de opinião com condições de influenciar o comportamento coletivo. A linha comporta assim o exame das interseções possíveis entre política, filosofia, religião e os saberes oriundos do senso comum, bem como as manifestações culturais que apresentem implicações políticas. Nesta interseção entre o político e o cultural, a linha reserva espaço para os estudos relativos à cultura política, para as crenças e valores que, desde o seio familiar, passando pelas instituições escolares e religiosas e por inúmeras outras associações, representam o conteúdo da socialização que permitirá aos indivíduos assumirem determinado comportamento político. Por outro lado, na medida em que os sistemas simbólicos, dada a sua condição de sistemas estruturados e estruturantes, cumprem a função política de instrumentos de imposição ou de legitimação da dominação, contribuindo para assegurar a dominação de uma classe sobre outra, dando o reforço da sua própria força às relações de força que a fundamentam, é necessário que a linha inclua o estudo a respeito dos aspectos simbólicos que cercam o exercício do poder político ao longo da História, especialmente nos regimes monárquicos e ditatoriais, os quais tendem a produzir um culto em torno dos governantes que os converte em seres excepcionais dotados de atributos por vezes sobre-humanos. A esta linha cabe analisar ainda os mecanismos de propaganda, de produção de consenso utilizados pelos regimes políticos no sentido de difundir determinada imagem do governo que o torne justo, legítimo e até mesmo indispensável por parte dos que a ele se encontram submetidos, ao mesmo tempo em que desqualificam os seus inimigos reais e/ou potenciais.

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