Mulher e patriarcado. Violência de gênero contra a mulher em Carangola – MG (2006-2018)

Nome: ÉRIKA OLIVEIRA AMORIM TANNUS CHEIM
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 23/10/2019
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MARIA BEATRIZ NADER Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALEXSANDRO RODRIGUES Examinador Externo
JUÇARA LUZIA LEITE Examinador Interno
JULIO CÉSAR BENTIVOGLIO Examinador Interno
LIDIA MARIA VIANNA POSSAS Examinador Externo
MARIA BEATRIZ NADER Orientador

Resumo: O presente trabalho teve como objetivo analisar de que forma o patriarcado influencia no comportamento de homens e mulheres e de que maneira o tipo de sociabilidade local determina o silenciamento dos casos de violência conjugal e doméstica, na cidade de Carangola, localizada na Zona da Mata, do estado de Minas Gerais, e que possui aspectos próprios de lugares do interior. No que se refere aos aspectos metodológicos, este estudo aliou metodologias qualitativas e quantitativas, já que essa abordagem metodológica tem sido adotada por uma crescente comunidade de pesquisadores em Ciências Sociais e opõe-se à ideia antitética entre os dois métodos. Foram entrevistadas dez mulheres que vivenciaram contextos de violência conjugal e doméstica e, ainda, aplicaram-se 376 questionários fechados em diferentes pontos da cidade de Carangola em um mesmo período, no intuito de conhecer a realidade da violência contra a mulher e encontrar casos não notificados/denunciados formalmente. A indicação da maioria das entrevistadas do estudo foi intermediada pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), já que o município não possui Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM). Optou-se por acessar a rede de atendimento do CREAS, não pela crença na judicialização dos casos, mas por acreditar que essa instituição engendra uma rede de apoio ao enfrentamento à violência, fundamentais contra o isolamento que dificulta ainda mais a situação das mulheres da cidade de Carangola. Por se tratar de uma cidade do interior de Minas Gerais, o acesso aos serviços de atendimento especializado torna-se mais penoso, especificamente quando se trata de assistência social pública. Para a aplicação dos questionários realizou-se cálculo amostral considerando a população feminina local, estimada pelo IBGE, em 16.604 mulheres. As dez mulheres que compõem o grupo estudado narraram suas experiências em relacionamentos conjugais violentos, sendo que a maioria vivenciou a violência psicológica e sutil. Dentre os dez casos estudados constam ainda relatos de violência física, moral, patrimonial e sexual, cometidas pelos companheiros e, também, duas tentativas de feminicídio. As narrativas apontam aspectos que confirmam a presença da dominação masculina nos relacionamentos conjugais das entrevistadas. No que tange aos dados produzidos pelo survey, contatou-se que 69% das mulheres que participaram da pesquisa já sofreram algum tipo de violência doméstica ou conjugal. O tipo de sociabilidade da cidade corrobora com os rígidos códigos patriarcais locais ainda incorporados às famílias carangolenses, tornando as mulheres reféns de relações conjugais violentas em nome da preservação do ideal de matrimônio feliz.

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